Tudo Novo de Novo

Tudo Novo de Novo

O choro secou.  
Um Outono doce impera com seu aconchego de amor e lucidez, suaves. 
E esse abraço aveludado que chegou repentinamente, num calorzinho de cuidados e curas. 
Não restam mais feridas. 
A dor perdeu seu lugar na minha rotina e foi procurar outros rumos. 
Tenho novos sonhos e um sono novo e profundo. 
Suavemente tudo mudou de ritmo e celebrei o tempo de cada novo passo. 
A princípio tive tanta ansiedade, porque tudo parecia um turbilhão, mas de que adianta tentar pular aprendizados? 
Se é de poesia que o poeta precisa, vamos a ela e não mais à repetição de uma melancolia eterna e bem aprimorada. 
Chuva e sol, calor e frio: eis o equilíbrio da vida. 
Se eu nasci com o sorriso mais largo do mundo, não vou entristecer o meu olhar nem anestesiar minha alegria. 
O choro secou. 
Já era tempo de prestar mais atenção em outras cores, promover como prediletas outras flores e entrar no mar sem medo, furando a onda com respeito e repetindo a cena com entrega e confiança. 
Nada ficou fragmentado. 
Saí inteira e o amor em mim transborda: pele aceitando carícia, olhar brilhando com a menor das delícias. 
O toque é novo e a respiração tranquila. 
Às vezes ainda ofego um pouco, mas quem disse que artista nasceu para sentir pouco? 
Importante agora é que o choro secou. 
Antes o meu pranto era cego. 
Tive que olhar longamente no espelho pra saber o que ainda poderia resgatar de mim. 
Não quis nada do que restou, quis o meu sorriso novo, minhas portas abertas e a vontade de saltar novamente no desconhecido. 
E hoje eu só choro se for de alegria.

Marla de Queiroz

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